Conseguiu solucionar todos os exercícios, juntou suas coisas, levantou-se e foi até a mesa do professor, entregando assim sua prova. Disse-lhe boa noite, e ao sair da sala, dirigiu-se ao banheiro. No espelho, a imagem refletida, tinha um semblante de expectativa e ansiedade. A sensação era estranha, um frio na barriga, parecia uma adolescente. Retocou a maquiagem, deu um sorriso, prestando atenção aos dentes se não tinham alguma mancha do batom, penteou os cabelos, fez pose e pensou “Está na hora, ele deve estar me esperando”. Desceu as escadas, pois sua sala ficava no primeiro andar, chegou ao térreo, encontrou alguns amigos perto da lanchonete, que lhe pararam e ficaram fazendo comentários sobre a prova. Deu atenção a todos, mas sinceramente pouco ouviu, seu pensamento estava lá no portão principal da faculdade, e na ansiedade por ver o Neto ali a esperando. Despediu-se de todos e foi saindo pelos corredores, pernas bambas, mas tentando ter o passo firme e manter a postura. Estava difícil, a emoção era grande.
No portão principal havia muito movimento de estudantes. Ela foi se esquivando e conseguiu atingir a calçada. Olhou em volta, vários carros parados do outro lado da rua, e ela sem conseguir ver o carro do Neto. Lembrava-se da cor, preto, mas não sabia qual carro era, isso ela não tinha prestado atenção. Ficou então parada, já pensando que ele não estava por ali. Foi quando ouviu uma voz ao seu lado dizendo:
- Como foi a prova?
Que voz doce, melodiosa. Um arrepio lhe invadiu o corpo, sentiu a face queimando, certamente estava corada, ainda bem que era noite, e as luzes da rua não deixaria ele perceber isso. Respondeu-lhe que foi tudo bem na prova. Ele sorriu, pegou sua mão e foram atravessando a rua em direção ao estacionamento. Ambos calados, só sentindo a emoção do momento. Chegaram ao carro, ele abriu a porta para ela entrar, e depois dirigiu-se para a outra porta e entrou no carro. Olhando-a nos olhos, lhe disse que iriam a um barzinho gostoso que tinha visto, e que lá poderiam se conhecer melhor.
Enquanto dirigia, Neto lhe perguntou se ela morava ali mesmo, em Lorena. Respondeu-lhe que não: morava em Cachoeira Paulista, cidade vizinha. Aproveitando o assunto, fez ela a mesma pergunta, e ficou sabendo, então, que ele era de São José dos Campos.
Chegaram em frente ao barzinho. Neto, prontamente, após descer do carro, dirigiu-se à porta do carona e abriu-a para ela descer. Ela estava boba com tanto cavalheirismo. No barzinho escolheram uma mesa num cantinho bem gostoso, sentaram-se, o garçom já se aproximou e fizeram o pedido. Ela estava sem vontade alguma de comer, pois quando ficava ansiosa, perdia a fome. Pediu somente um suco. Neto pediu uma cerveja e enquanto aguardavam, começaram, então, a realmente se conhecer. Muito tinha para se dizer, mas estavam indo com calma. Falaram sobre trabalho, estudo e também sobre relacionamentos. A noite transcorreu deliciosamente, conversaram bastante, deram boas risadas e logo saíram do barzinho e foram para o carro.
Neto não ligou o carro de imediato, o momento pedia mais do que isso. De leve, tocou no rosto da mulher, encantada como só ela, e foi chegando mais perto. Se abraçaram, nada mais se ouvia, nem se via, o mundo agora se resumia aos dois. Seus lábios se colaram em um delicioso beijo, primeiro num leve roçar, depois com uma ânsia doida.
continua....