Desde que os meninos nasceram, um a um, eu repetia inúmeras frases dirigidas a eles.
Cadê o nenem da mamãe?
Vem aqui com a mamãe.
Que coisinha mais fofa de mamãe.
E também declarava o meu amor, repetidamente, dizendo conforme se escreve: eu te amo.
Aprenderam a falar, e também a declarar seu amor da mesma forma que eu.
E o tempo foi passando.
Nunca disseram "eu ti amo", mas algo mudou, sem eu saber dizer quando foi, começaram a me chamar de "mama".
Carinhoso?
Sim, por demais.
Mas semana passada algo aconteceu e me deixou assim meio nas nuvens.
Marco Antonio, meu filho mais velho, por trabalhar no período noturno,
estava dormindo quando cheguei do trabalho.
Dei um beijo, de leve, na tua testa e fui ajeitar algumas coisas.
De repente ouço sua voz, vou perto para ver o que seria.
Ele me pergunta sobre a hora, o tranquilizo que ainda é cedo, fecha os olhos
e lhe dou um beijo no rosto dizendo:
te amo meu filho.
Não esperava resposta, pois percebi que estava ressonando,
mas ouço dele uma frase que me emociona...
eu também te amo mamãe.
Sim, mamãe e não mama.
Não era a voz de um homem de 23 anos, que já se sente "dono do mundo",
que toma suas decisões, com acertos ou desacertos,
que já caminha sozinho a maior parte do tempo...
não, não, era a voz do meu menino
que dormindo se tornou de novo criança,
com semblante de inocência,
com jeito de quem quer colo,
que precisa de aconchego.
Fiquei perto dele, por mais um tempo,
ouvindo sua respiração
e sentindo uma paz tão gostosa no coração.
...
Quando ele acordou,
e foi se arrumar para o trabalho,
comentei o acontecido,
sorriu e disse não se lembrar.
Quando foi sair de casa, olhou em meus olhos, pediu a bênção e disse: eu te amo mama.